ENTRE MUNDOS
"Lua deitada, marinheiro em pé... Marinheiro em pé, lua deitada..." Marulhar de palavras que ainda revoam a minha memória.
Olhar embaçado, cheiro de maresia, prenunciando um rebojo
que logo viria.
Em um lampejo de luzes, água salobra, barulho de gaivotas,
Antônio Marinheiro apercebe-se do que está acontecendo. Como em mundo onírico,
as meninas dos olhos esmeralda, miram uma praia deserta de areia monazítica
ante, ao sopé de um morro quebrado pelas brumas marítimas.
Estaria eu, nos céus, ou as imagens retintas em minhas
retinas teriam mudado? Pater nostri....
Sol a pino. Boca sedenta. Ando a meia légua. Chego ao Campo
Santo, meus olhos fitam uma moça. Imberbe em sua inocência e no teu olhar.
Inocência arisca. Coração latente. Quem serias tu?
Adentro o Campo Santo, covas rasas, silêncio inóspito.
Estalos na mata. Calor sufocante. Bem-te-vi....! Bem-te-vi....! Cantar adivinho
do acaso. Sinal de mau agouro.
Moça imberbe. Tez trigueira, olhares aflitos. Incelências
intermináveis. Rosários contados. Velas a queimar. Orações sussurradas. Almas
enlevadas.
Retinas ingratas, que por missão terminada, relembra tua
essência: "Memento homo, que a pulvis és, et in pulveris reverteris"
Natrícia Silva
(Professora)
No comments:
Post a Comment